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Neste blogue iremos encontrar (ou reencontrar) pedaços da imaginação e criatividade humana nas mais diversas formas e feitios - Livros, Banda desenhada, Cinema, TV, Jogos, ou qualquer outro formato.

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AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


sexta-feira, 29 de março de 2013

Eis O Homem

Algumas histórias combinam originalidade com escrita inteligente criando material que não só entretem como nos dá em que pensar. Esta obra de Michael Moorcock é um exemplo.

Eis o Homem conta-nos a história de Karl Glogauer, um homem fascinado pela figura de Jesus Cristo, a quem oferecem a oportunidade de viajar no tempo.

Glogauer aceita e, obviamente, escolhe a época correspondente aos últimos anos de Cristo, partindo assim à descoberta do Messias...

...apenas para descobrir que a verdade histórica é um pouco diferente da imagem que chegou aos nossos dias.
Glogauer descobre que o Cristo histórico não passa de um deficiente, Maria, uma libertina, e José, um velho amargurado que troça do conceito de Cristo ter tido concepção divina.

Chocado, e perante a sua devoção à figura tradicional do Messias, Glogauer embarca numa jornada para criar essa figura, assumindo o seu papel, recriando os milagres através de truques e dos seus conhecimentos de uma era mais avançada e recitando as parábolas, até encontrar a morte como foi descrita para a figura de Cristo, criando, desse modo, efectivamente, a lenda que chegou até à actualidade.

Moorcock cria, nesta história, uma narrativa muito interessante, na medida em que usa transcrições Bíblicas a enquadrar as actividades de Glogauer, fazendo-nos pensar "e se esta passagem realmente correspondesse a um truque?", e convidando-nos a fazer interpretações menos literais. De facto, além da história em si ser cativante, o seu maior mérito é mesmo o de nos levar a questionar e reflectir o quanto as narrativas tidas como "verdades" ao longo de séculos podem ser distorcidas ou mal interpretadas, o que nos deve alertar para os perigos das interpretações com falta de espírito crítico, algo que, infelizmente, é extremamente frequente. Não que nos leve a acreditar (com pena minha) que Cristo fosse um viajante no tempo, mas pelo menos faz questionar como teria sido o verdadeiro Cristo histórico, e quais as suas acções efectivas que chegaram ao nosso tempo escritas como textos canónicos.

A história foi publicada inicialmente em 1966, em Inglaterra, como uma novela na New Worlds, tendo o autor posteriormente expandido a história e publicado uma nova versão.
Em Portugal, foi publicada (a versão curta) na Colecção Bang! da Saída de Emergência.

Uma história cativante.



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