Benvindos!


Bem-vindos!

Neste blogue iremos encontrar (ou reencontrar) pedaços da imaginação e criatividade humana nas mais diversas formas e feitios - Livros, Banda desenhada, Cinema, TV, Jogos, ou qualquer outro formato.

Viajaremos no tempo, caçaremos vampiros e lobisomens, enfrentaremos marcianos, viajaremos até à lua, conheceremos super-heróis e muito mais.

AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Defenders - Indefensible





Quem seguiu as aventuras da Liga da Justiça a partir de meados dos anos 80, após a Crise nas Terras Infinitas, o evento que remodelou o multiverso da DC, está familiarizado com o trabalho de um certo trio...

Keith Giffen, J.M. DeMateis e Kevin Maguire.

Rompendo com a seriedade que era emblema das aventuras dessa equipa, os membros desse grupo (acompanhados de outros cúmplices) recriaram a Liga num registo muito mais ligeiro, com humor muitas vezes absurdo embora sem deixar de manter uma dimensão... pode dizer-se épica, mesmo, de grandes aventuras, mas sem se levarem demasiado a sério.

Enquanto faziam com que a Liga enfrentasse ameaças mortais como o Homem Cinzento, também criaram epopeias como a da Liga da Justiça da Antártida ou das saídas à noite, para ir para a farra, dos membros alienígenas da Liga (J'onn, Gnort e Kilowogg, estou-vos a ver!). Ah, não esquecendo que apresentaram ao Martian Manhunter as bolachas Oreo.
Anos mais tarde, ainda tiveram uma mini comeback tour na forma das mini-séries "Formerly Known as Justice League" e "I Can't Believe It's Not The Justice League".

Podia estender-me por essas façanhas fora, mas não é disso que quero falar aqui hoje.

Em 2005, a gangue reuniu-se para dar um tratamento semelhante não a outro grupo da DC, mas a um da Marvel.

Neste caso, o "não grupo" dos Defensores (ou Defenders, como preferirem). Para evitar confusão com o grupo homónimo que irá ter em breve uma série na Netflix, e para quem não sabe e tem preguiça de googlar, passo a explicar:

Os Defensores são uma espécie de grupo informal (ou seja, não tem o estatuto de grupo fixo como os Vingadores ou os X-Men), normalmente composto por membros "à parte" (para não chamar "marginais"), sendo o núcleo duro o Dr. Estranho, o Hulk, o Namor e o Surfista Prateado.
Reunindo-se essencialmente apenas em momentos de crise que assim o exigiam, juntavam-se com alguma animosidade, despachavam a ameaça e seguiam as suas vidas.

As relações entre o grupo nunca foram grande coisa...

Confesso que as poucas aventuras que vi com eles foram em histórias do Hulk dos anos 90, e efectivamente querelavam um bocado entre si.

...como de resto fica bem claro nestes diálogos. Acompanhados
do traço super-expressivo de Maguire, valem ouro.

Chega 2005, e eis que o trio de criadores acima mencionados os reúne mais uma vez, desta feita para enfrentar a ameaça conjunta de Dormammu (arqui-inimigo do Dr. Estranho) e a sua irmã, Umar.
Os reúne, por assim dizer, já que para começar, o Surfista nem sequer se junta aos outros, passando toda a história numa praia a filosofar com surfistas desmiolados estereotípicos e não chega a fazer a ponta dum chavelho.

Yep, o "quarto mosqueteiro" está lá just for show.


Já os outros 3 passam as passas do Algarve a enfrentar o outro duo, sendo que Dormammu consegue roubar os poderes de Eternidade, tornando-se omnipotente e recriando a realidade, com versões retorcidas dos heróis Marvel (algumas bem interessantes), incluindo o próprio Dr. Estranho. Manipulado, é claro, pela irmã (que se entretém a ter sexo com o Hulk e a ameaçar Banner que o mata se não se transformar, algo que não consegue porque ficou demasiado relaxado). Eventualmente, acaba por perder o controlo graças aos artifícios de Estranho e o universo é salvo.

Na realidade, a série pouco impacto tem em termos de cânone, sendo totalmente autocontida e não tendo impacto em outras histórias. No entanto, é um exercício divertido de quezílias entre heróis (muitas!), humor um bocado parvo (reconheço, não é para todos - muita gente não gostou de ver Dormammu a queixar-se à irmã sobre de quem é que os pais gostavam mais) e principalmente, das expressões faciais a la Maguire, que por si só fazem valer a leitura.

Portanto, é mais um passatempo que uma história, mas serve para entreter, e, para quem se deliciou com as desventuras da Liga há muitos anos, para matar saudades da equipa...

Não é todos os dias que vemos a faceta mais... vulnerável de
um overlord transdimensional!

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Popular Skullture

Tendo em conta o momento de Halloween, fica um apontamento breve sobre um dos símbolos da época, que são as caveiras; mais concretamente, falando num livrinho em que elas são as protagonistas: Popular Skullture, de Monte Beauchamp, editado pela Dark Horse.

O autor fala um pouco sobre o simbolismo da caveira - as suas conotações com a morte, por exemplo (embora não) só, e o poder da mesma na cultura popular (daí o trocadilho no título). Como o próprio diz, é um símbolo eficiente, que evoca assuntos sérios, embora possa ser utilizado também em contexto humorístico e de forma mais ligeira. 

Convém, contudo, não aligeirar a coisa demasiado - ele alerta-nos para a inadequação de usar este símbolo, por exemplo, para convites para eventos do género baptizado ou casamentos, ou anúncios de nascimento.

Ok, e agora digo eu: até seria giro ir a um casamento com motivos de esqueleto. Pelo menos para mim, seria uma mudança bem vinda.

Mas voltando ao livro, após a introdução, que até é interessante (também se foca, noutra parte, na cultura pulp da primeira metade do século XX, dos anos 30 aos anos 50, na origem da banda desenhada, interligada a essa cultura e ao advento dos mass market paperbacks). Isto tudo para explicar o meio onde outrora proliferaram os esqueléticos sorrisos. 
Também explica o declínio desse uso, essencialmente devido à cruzada anti-BD iniciada por Fredric Wertham, com o lançamento do seu The Seduction of the Innocent, e que levou ao "corte de pernas" dos comics, durante anos, e as suas repercussões nos meios "irmãos".

Depois desse bocado de história, entramos na parte mesmo boa: um mostruário de mais de uma centena e meia de capas dessas publicações. 

Um desfile de arte com o motivo da caveira, em livros, revistas e BD de terror, policiais e mesmo de histórias de espionagem e guerra. Arte para todos os gostos, caveiras estilizadas, bem desenhadas, mal desenhadas, em primeiro plano ou embutidas subtilmente na composição, muitas vezes com o resto do esqueleto acompanhante.

Mas sempre, sempre, pelo menos uma caveira (nem sempre evidente, como já disse).

É um livro que se atravessa num instante, mas que deixa uma impressão nostálgica. E até ensina umas coisitas. O que aprendi com este livro:

1) Os ilustradores daquela época tinham ou pouco jeito ou referências péssimas para desenhar crânios e esqueletos (suponho que teria dado jeito o Google para irem buscar umas imagens de referência);
2) Muitos achavam giro deixar uns dentes a menos (a sério, tantos deles) ou então desenhar os dentes como se fossem uma serrilha;
3) Por alguma razão, aranhas gigantes com uma caveira a servir de cabeça parecia-lhes uma boa ideia. Estou a lembrar-me de pelo menos três;
4) Alguns deles até tinham jeito para a coisa.

Assim, arte boa ou má (e temos os dois extremos), temos mais um mostruário de macabro, que nos remete para outros tempos. Uma sugestão para uns momentos engraçados...


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Hulk na Encruzilhada

Capa do TPB com a saga

Não me lembro se já o disse aqui antes, mas o Hulk, a par do Homem de Ferro, é um dos meus personagens favoritos de sempre na Marvel.

Conheci-o ainda em miúdo (eu, não ele) quando passou uma série muito ronceira dos anos 60 - basicamente uma versão lida e ligeiramente animada dos primeiros comics dele, um malabarismo que a Marvel fez com alguns dos principais heróis. Não me recordo quando exactamente vi isso, sei que deve ter passado na RTP1 ou na RTP2 porque só havia esses canais (sim, eu sou desse tempo). Também me recordo de ver algumas histórias do Capitão América nesse formato.
Mais tarde li algumas histórias dos primeiros números da editora Abril em casa de primos e de amigos e fiquei a saber um pouco mais do personagem - principalmente que era forte como sei lá o quê, e que se transformava (em Hulk) sempre que se enervava ou que se acalmava (em Banner).

Hulk # 60 da Editora Abril.
A 1ª revista do Huk que eu tive.
Mas a primeira história que li com ele que me cativou mesmo foi uma com o Homem de Ferro em que, quando tentavam "curar" o Banner com um implante cibernético que o impediria de se enervar, aconteceu o contrário, e o implante impedia-o de se acalmar. Batalha épica, com o Homem de Ferro a conseguir deixar o Hulk KO mas a custo de fritar a armadura toda (e de ser salvo pelo Homem-Formiga, que teve de lá entrar para a desligar e soltar o Stark). Foi uma das primeiras revistas de BD que tive - a Heróis da TV nº 90, da editora Abril.

Capa do TPB da saga Pardoned, em que
o Hulk ficou dominado pela a
mente/personalidade de Banner
A partir daí, passei a ficar muito interessado em tudo o que metesse o gigante verde. Algum tempo depois, quando os meus interesses saltaram definitivamente das revistas da Disney e do Maurício de Sousa para a Marvel e DC, passei a coleccionar o Hulk. E comecei a fazê-lo pelo nº 60, se bem me lembro, na altura em que o Hulk estava preso na... Encruzilhada!



Então, que história era essa? Bem, o Hulk tinha, recentemente, sofrido uma nova transformação depois de algumas aventuras no espaço. Mais concretamente, a mente de Bruce Banner passou a dominar o gigante verde, que obteve o reconhecimento que merecia, juntamente com um perdão presidencial por todos os estragos feitos até à época. Passou a ser um super-herói de pleno direito e também a dedicar-se a pesquisa científica, a verdadeira vocação do Dr. Banner. Sempre (e sem o saber) sob a vigilância da agência S.H.I.E.L.D.
De qualquer forma, o estado de graça do Hulk foi sol de pouca dura. Para atingir o Dr. Estranho, um dos seus arqui-inimigos, o Pesadelo, levou o Hulk à loucura, provocando a retracção completa da mente de Banner (que se julgou ter desaparecido completamente) e a transformação do Hulk num monstro irracional e duma selvajaria nunca antes vista.

O Hulk na encruzilhada!
Após o mandatório confronto com outros super-heróis em que se estava a progredir para eventual necessidade de matar o Hulk (para o neutralizar definitivamente), o Dr. Estranho resolveu a situação com outra solução: enviou o gigante para um espaço extradimensional, a Encruzilhada, que dava acesso a múltiplos outros mundos, através de portais. A ideia era que o Hulk fosse experimentando esses mundos até encontrar um onde estivesse em paz e sentisse felicidade (ou algo que passasse por isso). Caso se encontrasse infeliz, o feitiço que Estranho usou automaticamente traria o Hulk de volta à encruzilhada para experimentar outro local.
Portanto, uma solução humanitária. E o início de um dos ciclos de histórias mais invulgar na história do personagem.

A partir desta premissa, Bill Mantlo (o autor destas e outras histórias, e que atingiu um estatuto algo lendário) pôde enveredar por argumentos mais atípicos e que tinham mais de ficção científica e fantasia, inclusivamente com aspectos de histórias de horror, que de histórias clássicas de super-heróis.

Logo a título inaugural, num conto digno de um episódio de Twilight Zone ou de The Outer Limits, o gigante verde viu-se perdido numa cidade que estava a ser assolada e destruída por uma guerra, mas uma cidade com contornos invulgares, da qual não conseguia sair, parecendo um cenário de cartão e com máquinas de guerra falsas, e que no fim se percebeu que era tudo um modelo de brincar de uma descomunal criança alienígena.

Visitou mundos inóspitos e agrestes, conhecendo alienígenas com os quais travou uma espécie de amizade (num dos casos uma relação simbiótica) o que mostrou que a selvajaria estava a diminuir e que talvez a mente de Banner ainda estivesse lá, enterrada no fundo da sua psique mas não erradicada.

Encontrou um mundo de típica fantasia medieval, onde se viu desprovido de poderes e se tornou escravo de um grupo de cavaleiros malignos, acabando por ajudar uma rapariga cativa deles (e noiva à força do líder do grupo) a libertar o seu povo.

Os "pompons colectivos" - o aspecto estranho e pateta
escondia um traidor letal
Conheceu e foi posteriormente traído por uma entidade bem sui generis, chamada "Puffball collective" (segundo os brasileiros, os "Pompons colectivos"), que era um agregado tipo hive mind de seres flutuantes parecidos com minúsculos pom-pons e que se agregavam em múltiplas formas, pedindo a ajuda de Hulk para sair da Encruzilhada mas revelando-se na realidade servos dos demónios N'Garai, com os quais tinham arrasado o seu mundo de origem.

Ainda enfrentou os U-Foes, um grupo de inimigos seus que foram parar acidentalmente a esse espaço extradimensional, e juntou-se (ainda que involuntariamente) à tripulação do barco espacial Andromeda, que já surgira em aventuras anteriores, para participar na caça do capitão Cybor, um ciborgue (duh!) enlouquecido, ao monstro Klaatu, numa história que presta homenagem ao clássico Moby Dick de Herman Melville.

Pelo caminho, a presença residual de Banner vai-se tornando mais evidente, especialmente com o aparecimento de três seres misteriosos - A Guardiã (Guardian), o Brilho (Glow) e o Duende (Goblin), que aparentam estar a tentar restaurar o Hulk ao seu estado anterior, ou pelo menos ao ponto em que estava antes de Banner tomar o controlo meses antes.

Mas para mim, o ponto alto da saga é uma história em que através de flashbacks, se toma conhecimento de que a origem do Hulk não foi somente a explosão da bomba gama após a qual Banner se transformou a 1ª vez. Não, o Hulk começou a surgir na forma de toda a raiva acumulada por Banner desde criança, por ser vítima de abusos por parte do pai, que sempre o vira como um mutante e uma aberração, e o maltratara de acordo com isso. O mesmo pai que agredia a mãe de Bruce quando esta o protegia e que acabou por matá-la. Nessas memórias-chave, e num recurso estilístico interessante, a silhueta de Hulk já vai ensombrando o jovem Banner. E, curiosamente, a Guardiã, o Brilho e o Duende surgem em determinadas recordações, evidenciando-se que eram aspectos da vida de Banner que adquiriram simbolismo dentro da sua psique (por exº, a Gurdiã era uma boneca de pano que a mãe lhe dera).
Foi uma história fundamental para abrir caminho a outras sagas, especialmente pela mão de Peter David, anos mais tarde, que passaram a abordar as múltiplas versões do Hulk como múltiplos aspectos da mente de Banner, ou mesmo múltiplas personalidades, derivadas do passado violento e abusivo na altura da sua infância.

No seguimento dessa história temos finalmente o regresso de Banner numa história de horror, em que trava conhecimento com um alquimista que fora banido para um dos mundos onde o herói vai parar, e que descobrira a fonte da vida eterna - extracção da força vital a partir do sangue dos nativos desse mundo. Mas como continuava a envelhecer, decidiu que o melhor seria alimentar-se do Hulk. Dá para imaginar o que se segue...

Finalmente, num crossover com a série Alpha Flight, o grupo titular, quando tentava resgatar o espírito de um dos seus membros (o Sasquatch), "pesca" o Hulk por engano e trá-lo de volta para a Terra. O Hulk, de volta ao seu estado clássico com mentalidade infantil, espalha o caos no Canadá até conseguir o que queria - afastar-se para ficar sozinho.

Como disse, foi uma saga bastante atípica, e encerra com chave de ouro o final da parceria Bill Mantlo/Sal Buscema, que haviam produzido as histórias do personagem durante vários anos. Também ajuda o facto de ter Gerry Talaoc, que se juntara à equipa durante o arco "Regression" a fazer a arte-final (ou inking) e dando um aspecto bastante mais sombrio às histórias, que não destoariam em publicações tipo Creepy ou Eerie.

Após este arco de histórias, a série foi assumida (por pouco tempo) pelo não menos lendário John Byrne, que também fez das dele. Mas isso já não é história para hoje.

Hulk e os seus três protectores.





domingo, 31 de julho de 2016

Batman: Digital Justice





Hoje em dia, o uso de tecnologia digital na produção de banda desenhada é mais regra do que excepção, havendo muitos artistas que produzem BD sem sequer recorrer a papel.

Claro que nem sempre foi assim, e não há tanto tempo quanto isso, BD digital era uma novidade.

OK, digo "não há tanto tempo" só com o intuito descarado de não me sentir velho, porque o objecto deste post é um álbum de BD criado em 1990, e recordo-me, na minha adolescência, que essa graphic novel foi notícia.

Trata-se de "Batman: Digital Justice", criado pelo autor espanhol Pepe Moreno, na altura um vanguardista que defendia (e com razão) que esse seria o futuro da BD.

De que trata então esta novela gráfica?

É, claro, uma história de super-heróis, mas em contexto de FC cyberpunk. Numa Gotham City futurista governada quase totalmente por sistemas informáticos, um vírus criado décadas antes pelo arqui-inimigo do Batman, o Joker, corrompe esses sistemas e vai tomando o poder na cidade.

Cabe a Jim Gordon, da polícia, neto do antigo comissário com o mesmo nome, fazer-lhe frente, adoptando o manto do morcego, apoiado por uma inteligência artificial criada pelo Batman original, que já previa o desenrolar da situação. Pelo caminho encontra a cantora Gata, que não é bem quem parece e que assume o papel da Catwoman do Futuro.

Amostra da arte 2D...
Trata-se de um álbum com uma história interessante; pelos padrões de agora, nada de novo, mas a grande novidade era mesmo a parte gráfica.



Temos que tem em conta que se trata de uma produção gráfica de há 26 anos. Dito isto, não envelheceu mal. Outras não tiveram a mesma sorte (por exemplo, Crash! com o Homem de Ferro, tem um aspecto completamente tosco). Faz lembrar um bocado o que vemos quando nos dedicamos a retrogaming: desenhos 2D um pouco pixelizados (e que fariam o orgulho das cutscenes dos jogos da altura), embora com recurso generoso a "copy + paste" (mas há que dar desconto ao autor) e cenários e imagens 3D muito rudimentares (mas que seriam topo de gama na época); estas últimas são usadas abundantemente nas sequências do ciberespaço.
...e da arte 3D

A temática distópica fica bem acompanhada desse grafismo, sendo que somos presenteados com paisagens do ciberespaço invocando circuitos electrónicos que se confundem com o aspecto ciberizado (esta palavra existe?) da própria megalópolis que serve de cenário.

Sobre a produção da BD, a graphic novel traz uma nota engraçada - além de ter levado mais de um ano a produzir (o que talvez para os padrões americanos seja muito tempo, mas a BD classicamente na europa é produzida de modo mais intervalado), especifica o equipamento usado: um sistema MacIntosh II com placa de cores de 32 bits, sistema de palete de 16 milhões de cores, 8 MB (sim, megas) de RAM e disco removível de 45 MB (novamente, megas). Parece risível, mas na altura era mesmo impressionante, tal como o uso de um monitor de 19 polegadas...

O autor

terça-feira, 31 de maio de 2016

Os Minicomics dos Masters of The Universe

Uma vez mais regresso décadas no tempo, a revisitar um elemento da minha infância.

Já noutras ocasiões falei aqui do franchise dos Masters of The Universe (vou passar a chamar-lhes MOTU no resto do post), nomeadamente da banda desenhada.
O 1º minicomic

Ora bem, em miúdo eu coleccionava a bonecada do He-Man e companhia (e acabei com um monte deles), e uma das coisas que a colecção tinha de interessante eram os livrinhos que acompanhavam as figuras. 
Estes dividiam-se em dois grupos: catálogos com a colecção actual (à data) de figuras, veículos e castelos (ou análogos) e os minicomics, e é sobre estes que vou falar.

A Mattel, numa jogada incomum, resolveu incluir, desde o princípio da produção dos MOTU no início da década de 1980, histórias a acompanhar os bonecos, e que serviam um duplo propósito: criar um universo misto de fantasia e ficção científica para inspirar as crianças e servir de fundo às brincadeiras e, naturalmente, promover os produtos da linha de brinquedos.

O interior era mais de livro ilustrado e não
propriamente banda desenhada...
Para tal, criaram várias séries de livros, inicialmente uma de 4 livros ilustrados (texto acompanhado de uma figura ilustrada por Alfredo Alcala), que promovia a primeira fornada de bonecos e veículos, e em que o mundo de He-Man era bastante diferente daquele que se tornou popular mais tarde por influência dos desenhos animados da Filmation. Por exemplo, o herói não era a identidade secreta de um príncipe, mas sim o campeão de uma tribo de guerreiros bárbaros; havia muita indefinição sobre o alinhamento do personagem Zodac (e também alguns personagens retratados no alinhamento errado na primeira história, como Stratos) e havia duas personagens femininas para a mesma figura - Teela como guerreira e a feiticeira/deusa (aqui com vestes de serpente e não de falcão).
...e tinham um He-Man bárbaro antes
de existir o príncipe Adam

Só em edições mais tardias se começou a incorporar elementos da série de TV, tais como o Príncipe Adam, a Feiticeira (com aspecto de ave) e por aí fora.

As histórias tinham cerca de 16 páginas (mais tarde passaram a ter cerca de 12 ou até menos) e normalmente tinham um conto autolimitado bastante ligeiro em conteúdo. Curiosamente, alguns nomes famosos da BD americana trabalharam nesses livros, tal como o já mencionado Alfredo Alcala (cujo trabalho em Swamp Thing sempre me impressionou, e que aqui também mostra a sua qualidade), Mark Texeira (conheci-o na BD do Punisher e do Ghost Rider) e o lendário Bruce Timm (cujo traço característico ainda não se manifestava como actualmente, embora já se notasse uma tendência incipiente para o desenho "cartoony").
Estes já eram mais normaizinhos... e supercomerciais

Por cá tínhamos uma fracção apenas dos cinquenta e tal minicomics: é que a bonecada que vinha para o nosso país era a versão de Espanha, por isso os livritos eram as versões dos "nuestros hermanos", e elas só adaptaram para aí uma dúzia deles. Assim, vinham muitos repetidos, e muitos catálogos também. Na realidade, ainda houve uma meia dúzia traduzida para português e que era, se bem me recordo, distribuída a título promocional nas lojas de brinquedos.

O 1º minicomic da irmã do He-Man:
cor-de-rosa não só na
imagem como nas histórias...
Recentemente pude adquirir um pequneo tesouro: um livro da Dark Horse ("He-Man and the Masters of The Universe - Minicomic Collection") que compila não só os minicomics originais dos MOTU como também da colecção "irmã", She-Ra Princess of Power, da "sequela" dos MOTU, "He-Man - The New Adventures" e das versões revivalistas dos MOTU em 2003 e a versão "Classics".

A série Princess of Power era claramente orientada para o público feminino e vê-se isso bem nos comics: histórias de princesa cor-de-rosa que até parecem insultuosas nos dias que correm; as New Adventures inclinaram a balança para a ficção científica mas nunca me convenceram, a série perdeu o carisma aí, no que me diz respeito. 
As Novas Aventuras: aqui acho
que já estavam a exagerar.
Já os revivalistas têm alguma piada (até porque eles incluem uma história inédita da colecção de 2003, para a qual só foram feitos dois comics - aparentemente em formato comic normal; já no que respeita aos Classics, só incorporam um) e foi talvez a semente para o trabalho mais recente da DC Comics de que provavelmete falarei noutro dia.

Em todo o caso, esse volume da Dark Horse, que ronda as mil e duzentas páginas é um verdadeiro tesouro para mim, permitiu ler material que sempre quis ver - literalmente há décadas - sem o trabalho nem a despesa de andar a caçar esses minicomics pela net e a pagar exorbitâncias.

O que me leva a pensar... Será que os que eu tenho valem alguma coisa? E por onde é que eles andam? Tenho de os descobrir novamente...

E isto, meus caros, é um baú de tesouro para geeks.
Tem a qualidade redentora de pesar mais de 1 kg, sempre
obriga a malta a fazer exercício enquanto lê...

sexta-feira, 29 de abril de 2016

All-Star Batman & Robin The Boy Wonder

Sabem como é quando não conseguem decidir se gostam ou não de alguma coisa?
Isso é algo que acontece ocasionalmente a qualquer um. A mim já me aconteceu algumas vezes, por exemplo, ainda hoje não percebi se gostei do filme "Ichi The Killer" ou não. E, com esta série do Batman passa-se precisamente o mesmo.
A premissa era óptima -  tal como se passara com o excelente All-Star Superman, uma mini-série fora da cronologia principal, criada por Frank Miller, autor dos lendários "Year One" e "The Dark Knight Returns" (duas obras de referência deste herói) e ilustrada por Jim Lee, também este já experiente no homem-morcego.

O que correu mal, então?

A série tinha tudo para gerar muitos "Wow", mas creio que a reacção prevalente foi mesmo o "WTF?".
Capa do TPB que reúne os 9
primeiros números

Miller tentou, uma vez mais, mostrar um Batman diferente, e conseguiu. O problema é que o diferente, neste caso, não significou necessariamente melhor. 
Eu explico: temos um Batman ainda nos seus primórdios, mas que pouco tem a ver com o de "Year one".

É um Batman que parece deleitar-se demais com a violência com que combate os criminosos, rindo histericamente durante as lutas; é um Batman que, para iniciar o treino do Robin, o prende na caverna (depois de virtualmente o raptar) e o tenta obrigar a comer ratazanas para sobreviver. 

Outras coisas que parecem fora do sítio estão lá, tal como a Black Canarybarmaid (e a distribuir porrada no bar), bem como o fling entre estes heróis ou uma Wonder Woman "feminazi".

a servir de

Pois é, aqui o "diferente" torna-se apenas bizarro, e fica-se com a ideia que os heróis andam a abusar de substâncias ao longo da história e que estamos perante um desfile de violência gratuita.

A arte de Jim Lee, por outro lado, mantém-se firme, e é uma mais valia neste caso, bem como pequenos detalhes engraçados, tais como uma proto-Liga da Justiça que incorpora um Super-Homem que ainda não descobriu que pode voar (por isso atravessa o oceano a correr à superfície da água) ou um encontro com o Lanterna Verde Hal Jordan em que Batman e Robin se defendem... pintando-se de amarelo.

A séria nunca foi totalmente encerrada, tendo entrado em hiato após o nº 10, e nunca mais sendo retomada.
Porque seria...?

Se não fosse tão excessiva, as boas ideias tê-la-iam tornado um êxito, tenho a certeza. Mas da maneira que correu...

Já vos disse que ainda não consegui decidir se gosto desta série ou não?

"I'm the goddman Batman" - para bem ou para mal, isto ficou famoso...

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

One-shots de Natal na BD - Dois casos

Como é hábito, no fim do ano gosto de apresentar alguma coisa relacionada com o Natal.

Aproveitei uns dias de férias para pôr algumas leituras de BD em dia, e descobri duas peças engraçadas, por razões diferentes. Como me apetece falar de ambas e tenho preguiça de fazer dois posts, vou fazer como com o Halloween e apresentar um 2-em-1. O que até faz mais sentido, dado que são duas BDs.

A primeira é (e uma vez mais imito o post do Halloween) um one-shot dos Caça-Fantasmas da IDW chamado "Past, Present and Future".
"Oh, outra cena dos Caça-Fantasmas?" perguntam vocês.
Sim, respondo eu. E desta feita, de Natal. Mas em abono da verdade, a história é engraçada. Sendo um conto dos Ghostbusters, a temática vai, obviamente, para fantasmas, e que fantasmas mais natalícios que os espíritos Dickensianos do Natal Passado, Natal Presente e Natal Futuro?
A história não está nada mal concebida. Os nossos heróis são contratados por um bilionário que anualmente é perseguido pelos fantasmas de Natal. Note-se que o nosso pseudo-Ebenezer considera-se um gajo realizado e não tenciona mudar em nada os seus modos gananciosos. Só quer livrar-se do frete de gramar com as espectrais visitas natalícias.
Para o efeito, contrata então os nossos Peter, Ray e Egon (aparentemente o Winston está como tarefeiro subcontratado), oferecendo até 4 milhões de dólares pela remoção dos fantasmas indesejados.
Contagiados pela ganância, vão removendo os espíritos, mas os váríos elementos vão sendo eliminados, até só sobrar o Peter Venkman (ironicamente, o membro mais ganancioso da equipa), que num momento de epifânia, descobre a verdade: o bilionário está possuído pelo Espírito do Natal Presente, e contratou a equipa para se ver livre dos seus pares, já que quer gozar a vida (emprestada) à grande e à francesa e os outros fantasmas querem que ele volte ao trabalho.
No fim, conseguem exorcizar o espírito e o bilionário volta ao seu normal agradável, referindo que os vai processar de tal modo que eles vão sangrar por orifícios que nem sabiam que tinham. Clássico espírito da época, hã?




A outra peça é um pouco mais hardcore...
O The Lobo Paramilitary Christmas Special, da DC Comics, é de certo modo, a antítese dos tradicionais especiais de Natal.
Basta ter o main man Lobo como protagonista e ser da autoria do Keith Giffen, um dos escritores de comics com um sentido de humor mais marado de sempre.
Aqui temos Lobo a aceitar um servicinho, contratado pelo Coelho da Páscoa: abater o Pai Natal, que se tornou demasiado poderoso nos últimos tempos.
Assim, o mercenário vai até ao Norte, onde fica a fortaleza do velho risonho, descrito com mestria da seguinte forma:
"A brutal dictator repeatedly slammed by Amnesty International, he ran his empire with an Iron Fist. Planned malnutrition kept his army small in stature but fighting fit... and fierce as ferrets! Only highly sophisticated public relations techniques -- and a once a year charity splurge -- kept his image smooth with the public. «Jolly Santa Claus» the world called him. But his slaves knew him better as Kris «Crusher» Kringle!".
Um mimo. Este não é o Pai Natal da Coca-cola!
Para quem conhece Lobo, o desfecho é prevísivel: montes de violência gratuita, gestos obscenos e elfos massacrados, até ao confronto com Claus... que não acaba bem para o velho.
A história termina com mais violência (como seria de esperar), com Lobo a distribuir "presentes" (bombas de hidrogénio) com o trenó puxado por renas muito aterrorizadas...
Humor negro natalício (ou anti-natalício, será mais certo). Não é para todos os gostos, decididamente, mas é para o meu...

Bem, se gostarem do género, há ainda uma versão em filme no Youtube, que deixo como prenda de despedida:



sábado, 31 de outubro de 2015

Halloween e literatura - dois apontamentos avulsos

Sendo hoje o dia que é, parecia-me mal não falar um pouco de Halloween.

Atendendo a que, nos últimos anos, o Halloween americano tem vindo a infiltrar-se insidiosamente na nossa cultura, mais por motivos comerciais do que por outra razão (algo que já mencionei mais detalhadamente num post há um ano atrás), resolvi recentemente ler um livrito que encontrei numa daquelas feiras-do-livro-outlet há dois ou três anos (e que me custou um euro e meio) com um estudo sobre as origens da data, da autoria de Paolo Gulisano e Brid O'Neill, chamado A Noite das Bruxas - História da Festa de Halloween.

E revelou-se um estudo muito interessante.

Não vou repetir aqui o texto do livro, mas analisa toda a evolução do festejo, desde as suas origens pagãs europeias como festival do fim de outono/início de inverno, a sua cristianização (ou melhor, a sua assimilação numa altura em que o cristianismo tentava incorporar os aspectos mais importantes das religiões prévias em vez de as censurar ou diabolizar) e o seu significado antigo, mais próximo da homenagem e comunhão com os espíritos dos falecidos do que com o terror, bruxas e demónios (tradição que resulta da fusão com a noite de Stª Valpurga, ou Walpurgis Nacht). A propósito disso, fala ainda de uma associação com o dia dos trabalhadores, o 1º de Maio. A sério, fala mesmo. Mas deixo isso para quem quiser dar-se ao trabalho de procurar e ler o volume.
Finalmente, fala do que aconteceu quando o Halloween foi exportado da Europa com os imigrantes que foram para os EUA.
Americanizaram tudo. Inicialmente ainda eram um pouco tradicionalistas da versão "Noite das Bruxas" (o que é reflectido no livro de que falei no post há um ano), já nem tanto da versão original da homenagem aos defuntos. Actualmente é mais uma oportunidade de vender slutty costumes, doces e enfeites. E, aparentemente, na Europa, caminhamos no mesmo trilho. Enfim...




O outro produto de Halloween que consumi recentemente, e uso esses termos deliberadamente, foi uma BD dos Caça-Fantasmas, um holiday special da IDW intitulado "What In Samhain Just Happened?!".
É um one-shot temático, mas não se iludam - é uma história de fantasmas à la Ghostbusters. O que não significa que seja mau, mas é um pouco um exemplo de oportunismo comercial.
É giro, de qualquer modo. Sempre tem o humor típico da série, e a Janine a resolver um caso, assumindo um papel de Caça-Fantasmas. Curiosamente, o fato dela cobre substancialmente menos pele que os dos "genuínos" Caça-Fantasmas. Será má língua perguntar porque é que isso acontece? Só para mostrar um ponto de vista...
Pelo menos, tiveram o trabalho de usar algumas referências ao Samhaine, e até há uma personagem no início da história que leva um raspanete por querer organizar uma festa de Halloween relacionada com as raízes pagãs da festa, em vez do actual "Carnaval de Horror".

O que mostra que, se calhar, ainda há mais gente que sabe do que se trata o "All Hollows Eve" do que o que parece...


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Death Of The Family



Death of the Family é um ensaio em horror, loucura e obsessão.

Esta saga, cujo nome é reminiscente de uma outra, também envolvendo o Joker, chamada A Death in the Family (a infame história em que Joker mata Jason Todd, o segundo Robin), é um exemplo de por que é que Scott Snyder se tornou um dos escritores de BD mais relevantes da actualidade.

Temos um Joker totalmente insano, imprevísivel e como tal, aterrorizador, a provocar morte e miséria com base numa ideia delirante. Conseguiu transmitir-me a sensação de desconforto com a mera presença do personagem como senti quando vi a actuação de Heath Ledger a interpretar a sua versão deste louco.

A história passa-se um ano após o desaparecimento do Joker na série Detective Comics, no mesmo evento em que o criminoso fez com que lhe removessem a cara, deixando-a para trás como um troféu, ou melhor ainda, como um cartão de visita.

Só isso já é perturbador que baste. Mas, então, Joker regressa, provocando um blackout na central da polícia de Gotham, apenas para invadir a mesma, matar 19 polícias só com as mãos e recuperar a sua cara, que está conservada em frio como prova. Esta sequência é desesperante, feita do ponto de vista de Jim Gordon, que, completamente às escuras, apenas ouve os protestos, ameaças e gritos dos seus agentes a serem sequencialmente extintos.

Mais tarde, Joker ataca a "Bat-Família" (Os Robins, Batgirl, Red Hood, Nightwing e mesmo a Catwoman e Alfred - este último pela sua associação à Batman, Inc). O porquê?

Joker decidiu que os companheiros e aliados de Batman o enfraquecem. Vê Batman como um rei, e a si próprio como o bobo da corte, aquele que diz as verdades inconvenientes. E a verdade é que Batman, ao apoiar-se na "família", se tornou mais fraco, aos olhos de Joker, o que este não tolera.

Assim, vai perseguir os vários membros e capturá-los, com vista a provocar a sua mutilação e morte num evento final, com Batman a assistir. Pelo caminho, ficam as insinuações que descobriu as suas identidades secretas, algo em que Batman não acredita. As várias histórias da saga (a principal escrita por Snyder e ilustrada por Greg Capullo, as restantes por outros autores, dado serem tie-ins nos vários títulos da Bat-família) também criam essa dúvida, mas em última instância, presume-se que é mesmo bluff do Joker. Inclusivamente, segundo o Cavaleiro das Trevas, na sua loucura, Joker não quer saber quem são na realidade Batman e companhia, apenas as suas identidades como heróis são válidas e apenas essas interessam. O que não o impede de torturá-los com insinuações de ataques às suas famílias (ou no caso de Batgirl, ao ameaçar-lhe a mãe mesmo sem saber de quem se trata), provocando uma tensão constante.

O confronto com Joker no Asilo Arkham é outro ponto alto, com as torturas aos guardas a mostrar a insanidade assustadora do vilão, que vê nisso uma oferta a um Batman pelo qual tem uma relação doentia de amor-ódio que nos deixa desconfortáveis. Esses aspectos não são tão patentes nos títulos tie-in, mas os mesmos não desiludem, cada qual tenta capturar os horrores de Joker à sua maneira.

Ah, e o meu detalhe favorito: Joker usa a sua própria cara como se fosse uma máscara, suspensa com ganchos e fivelas. Pondo de lado o irrealismo de tal façanha, é um detalhe morbidamente fascinante, que cada autor aproveita à sua maneira, com maior ou menor sucesso. Indo mesmo ao detalhe de a pele/carne se começar a desagregar e estar rodeada de moscas.

Sem querer acrescentar mais informação, dado que este post já é um spoiler enorme, quero acabar só realçando e elogiando a montanha-russa psicológica que é esta história. Uma que mostra que, mais que o Batman, o Joker pode ser uma personagem brilhante, que nos provoca mal-estar apenas por sabermos que anda por aí.
Um Joker psicótico a sério, muito longe da versão apatetada da BD dos anos 60... que culminou com Cesar Romero a interpretar o personagem com o bigode pintado de branco só porque não o quis rapar...

Um rosto que nem uma mãe poderia amar...



quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Mephisto Versus...


E para terminar o ano em beleza, um salto rápido ao baú das velharias.

O nome "Mefisto" deve fazer soar algumas campaínhas, não? Um dos nomes atribuídos ao Diabo, neste caso como diminutivo de Mefistófeles... Um demónio com tendência a fazer ofertas em troca da alma dos incautos, patente também na literatura, mais concretamente, nas várias versões de Fausto.

Pois bem, para quem não sabe, a Marvel tem a sua própria versão deste personagem, Mephisto. Embora este não seja oficialmente o Diabo (Satanás) mas sim uma entidade malévola extradimensional que colecciona almas no seu reino/dimensão, o vermelhão gosta de se fazer passar pelo Diabo da tradição cristã (bem como por outros demónios criados por humanos), aproveitando-se do mito a seu favor.
É uma criatura estupidamente poderosa, mas como todas as entidades cósmicas, tem os seus limites. Mais concretamente, não pode manter uma alma no seu reino que não deva estar lá.

Mephisto é conhecido por atormentar alguns heróis preferencialmente, como o Surfista Prateado (por possuir uma alma extremamente pura) e Thor (por cobiçar a alma de um deus para a sua colecção), embora invariavelmente acabe por falhar nos seus intentos. Por outro lado, foi o responsável pelo surgimento do Ghost Rider, quando vigarizou Johnny Blaze, fazendo passar-se pelo próprio Satã e por destruir (literalmente) o casamento do Homem-Aranha, eliminando toda a existência dele (do casamento, não do Super-Herói).

Nesta mini-série, publicada pela Marvel em finais dos anos 80, escrita por Al Milgrom e ilustrada pelo mítico John Buscema, podemos seguir os confrontos seriados de Mephisto com quatro das super-equipas mais importantes da época: o Quarteto Fantástico, o X-Factor (na sua versão inicial de supostos caçadores de mutantes), os X-Men e os Vingadores.

Através de truques, enganos e manipulação, sem deixar de se envolver em momentos de confronto físico, o demónio vai procurando obter almas cada vez mais poderosas, fazendo trocas de umas por outras, até tentar obter a de Thor. Isto, numa época em que o Deus do Trovão fora amaldiçoado por Hela, estando impedido de morrer mas com o esqueleto tão frágil que só se aguentava graças a uma armadura especial.
Da mesma maneira que Mephisto vai enganando os heróis para se apoderar (indevidamente) das almas de Susan Richards, Jean Grey e Rogue até fazer o seu ataque final a Thor, também o argumentista nos "finta": toda a história é baseada na premissa que que Mephisto quer coleccionar a alma de um deus, Thor... apenas para no fim ser revelado que apenas era fogo de vista, e que tudo o que se passou era um truque para no futuro enfraquecer Hela (a deusa da Morte Asgardiana) e aumentar o seu próprio poder.
Um estratagema digno do mestre das mentiras.

A série nasceu da vontade de Al Milgrom de explorar um pouco mais o personagem, que normalmente aparecia como antagonista pontual de alguns heróis, e que aqui é, de facto, o protagonista, apesar de ser o vilão. A escrita é engraçada, com alguns detalhes divertidos, como o argumento usado para "condenar" Reed Richards ao inferno ou o uso por parte do demónio de embalagens protectoras para defender algumas almas coleccionáveis mais raras, como fazer os adeptos de BD. Até há uma referência meio perdida pelo meio à história de Fausto. Por vezes, porém, a história torna-se um pouco cansativa, principalmente pelas repetições de Mephisto relativamente à situação (julgo que com o objectivo de ajudar os leitores a recapitular o que se passava de um número da mini-série para o outro).
No geral, é uma história à anos 80, bem elaborada mas por vezes massuda. Vale mais pelo twist final e pelos pequenos detalhes com graça que vão surgindo.
O ponto mais forte é mesmo a arte de Buscema - detalhada, fina e sombria onde necessário sem se tornar pesada, e que captura na perfeição a teatralidade própria do personagem principal.

A história já foi reeditada em inglês pelo menos numa ocasião; eu li-a originalmente no início dos anos 90, editada pela Abril, em versão brasileira. Infelizmente, levei anos a perceber como o formato reduzido efectivamente prejudicou a arte, que se aprecia melhor no formato americano maior.

Mas, como mais de 20 anos depois, pude lê-la como devia ser, tudo acabou bem...

Edição brasileira de 1991. Pertencia a uma série do que se poderia
chamar "mini TPBs", a colecção "Épicos Marvel"


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Iron Man Noir

Na vertente multiverso da Marvel, foi criada a série "Noir", que conta com vários títulos que apresentam versões dos heróis reimaginados como personagens noir típicas de filmes e pulps dos anos 30-40,.

Iron Man Noir é uma dessas séries. Escrita por Scott Snyder (famoso pelo seu trabalho na DC Comics na série American Vampire, em histórias do Batman e recentemente também no relançamento do Swamp Thing) e ilustrada por Manuel Garcia, conta as peripécias de Anthony Stark, industrial e aventureiro, herdeiro do desaparecido herói Howard Stark, na década de 1930, durante a ascenção da Alemanha Nazi.

Tony tem uma lesão cardíaca e usa tecnologia repulsora (tal como a sua contraparte do universo principal, pelo menos numa versão mais anos 30) e procura uma fonte de energia que permita manter eficazmente o aparelho eléctrico que lhe mantém o coração a funcionar.

Durante uma expedição, Tony é traído pela sua companheira Gialetta Nefaria, que foge com uma máscara de Jade à qual o seu rosto fica colado num incêndio (tornando-se assim a versão deste universo da Madame Masque, embora nunca seja tratada por esse nome). Gialetta é na realidade aliada dos Nazis Heinrich Zemo e Wolfgang von Strucker e abandona Stark para morrer, após executarem Virgil Munsey, outro companheiro de aventuras de Tony (e que serve de cronista das suas aventuras).

Quando Tony se salva com a ajuda de Jim Rhodes, descobre que Nefaria deixou para trás, muito a propósito, informação sobre a localização da civilização perdida da Atlântida. Ora, para além da aventura apelar ao nosso herói, a Atlântida era repositório de um metal supercondutor e acumulador de energia, o mítico Orichalcum (ou Oricalco, em português).

Vendo uma hipótese não só de impedir o acesso dos Nazis a essa fonte de energia como também de resolver os seus problemas de coração (não no sentido romântico), Stark monta nova expedição, com o seu leal parceiro Jim Rhodes e acompanhado também de Pepper Potts (a sua nova cronista) e de Namor (que aqui é um pirata de um grupo que corta as orelhas para ficar com elas afiadas como a barbatana dorsal e possui uma embarcação lendária - Dorma - disfarçada de barco velho).

Os heróis encontram a Atlântida e o Oricalco, embora rapidamente se revele que tal foi uma armadilha montada pelos Nazis para localizarem mais rapidamente o metal (presente num tridente de Neptuno, que os Nazis roubam).

Stark e Rhodes envergam então duas armaduras de combate voadoras (análogas às de Iron Man e War Machine) e vão enfrentar os vilões. O plot twist aqui é a revelação que Zemo é na realidade Howard Stark, capturado pelos alemães e submetido a lavagem cerebral, com uma mistura de Zolpidem, Etanol, Metilcloreto e Ofentonil... ou ZEMO, de onde vem o nome.

Após o conflito final, em que derrotam o grupo de Nazis e resgatam Pepper, que fora feita prisioneira, Stark decide passar a usar os seus talentos e meios para ajudar a humanidade em vez de ter apenas aventuras para entretenimento.

Devo dizer que esta história me deixou sentimentos ambivalentes; por um lado está bem escrita e com alguns detalhes giros na adaptação, para além dos que já referi - por exemplo, "Happy Hogan", em vez do tradicional aliado de Tony Stark, é um submarino, e Jarvis é o seu mentor e ajudante oficinal em vez de um mordomo.
Por outro lado, sabe a pouco, e parece ter pouca história. Gostaria de ter visto mais Iron Man e menos Stark... Até porque as armaduras fazem lembrar, muito apropriadamente, versões blindadas e armadas do Rocketeer, outro herói que não destoaria neste ciclo de histórias.
A arte não é má, mas estando habituado a desenhos mais... sei lá? "Homem-de-Ferrescos"? como os de Salvador Larroca, no ciclo de Matt Fraction, estes pareciam um bocado orgânicos demais - até antiquados.

Em todo o caso, é um álbum de BD que vale a pena ver, quanto mais não seja para uma versão alternativa do "Cabeça de Lata" favorito de muita gente.


sábado, 30 de agosto de 2014

He-Man - BD da editora Abril

Capa do Especial #01
Numa época em que o franchise Masters of The Universe ganha nova vida em formato BD pelas mãos da DC Comics, é engraçado voltar atrás e relembrar o material original...

Assim, e voltando aos saudosos anos 80, foi nessa altura que He-Man e companhia nos chegavam a casa em desenhos animados semanais que davam vida às aventuras do herói (correspondendo aos anos em que a primeira colecção de bonecos, criada pela Mattel, via acção nas nossas mãos). Havia, naturalmente, merchandise de todos os tipos a aproveitar a oportunidade.

Como era de esperar, os heróis e vilões de Eternia encontraram um nicho importante na banda desenhada. Nessa época chegava-nos de várias formas:
1. Em algumas (escassas) edições portuguesas;
2. Nos mini-comics que acompanhavam os bonecos, e que vinham em espanhol, dado que a bonecada chegava ao nosso país via nuestros hermanos (embora algumas poucas histórias nesse formato fossem traduzidas para português e distribuídas promocionalmente em lojas de brinquedos)
3. Na colecção da Editora Abril, em versão brasileira, a mesma editora que na época era responsável por BD de super-heróis (e a nossa fonte essencial dessa mesma BD no nosso país).

É nesta última que me vou focar.

A colecção do He-Man em edição brasileira, He-Man and the Masters of The Universe, foi a maior fonte de BD da colecção presente em Portugal em meados e finais da década de 80. Foi composta de 32 números (para além de 2 especiais a reeditar os 4 primeiros), e atravessou diversas fases, que passo a descrever.

Número 4. Exemplo de uma
BD da primeira fase
Nos primeiros números, as histórias eram adaptações de episódios da série de desenhos animados. Digo "adaptações" porque o enredo diferia dos episódios que eu via, embora os desenhos fossem os mesmos (por vezes pareciam cópias um bocado foleiras, convenhamos). Honestamente, não sei se eram modificados no Brasil, e se a modificação era só na BD ou já atingia os próprios episódios televisivos que lhes davam origem. Inclusivamente desconheço quem produzia a BD (se era feita directamente no Brasil ou adaptada de outra fonte).


Número 13. Aqui as coisas
começaram a ficar
mais interessantes.
Mais tarde (a partir do número 13), esse formato foi abandonado, passando os números da revista a contar com histórias norte-americanas produzidas pela Marvel na sua extinta linha Star Comics.
Foi um grande salto em frente em termos de qualidade de histórias e desenhos (embora estes últimos se fossem deteriorando mais para a frente).


Para além disso, rapidamente as revistas começaram a incluir histórias curtas com autores não identificados (julgo que de origem europeia, já que já vi algumas delas em magazines do Reino Unido) e, não menos importante, histórias produzidas no Brasil.

Estas últimas eram bastante interessantes. Em termos de história, eram bastante fiéis ao espírito da série de animação, numa combinação clássica de elementos de fantasia e FC. Se bem que desrespeitavam por vezes a continuidade oficial do universo do He-Man, o que para mim, que já na altura era um obsessivo de 9-10 anos, era um bocado desanimador: lembro-me, em particular, de uma história em que o povo de Orko era retratado como um povo de humanóides de pele verde e em que ele era o único flutuante com a cara tapada e a pele azul (o que ia contra todas as histórias anteriores retratavam os outros Trollans como voadores azuis com o rosto oculto).
Número 31. Alguém acredita que aqueles
duendes eram da família do Orko? Aliás,
do "Gorpo"?
A arte também não era nada má, no geral, embora gostasse mais de alguns artistas do que de outros. E alguns deles, como Watson Portela, superavam, sem sombra de dúvida, as versões norte-americanas (especialmente os últimos números da Star Comics, que pareciam feitos em cima do joelho).

A fase final da revista foi, de resto, sustentada pela produção nacional brasileira. Gostássemos mais ou menos das histórias, há que louvar a iniciativa.

Paralelamente à série principal, a Editora Abril ainda lançou alguns números dedicados à irmã gémea de He-Man, She-Ra The Princess of Power, num formato equivalente e também incluindo alguma produção original brasileira.

She-Ra nº 02. A irmã de
He-Man ganha o seu tempo
de antena
No fundo, eram revistas tie-in que serviam como boa companhia à série de animação e, claro, aos brinquedos, e passei bastantes horas a lê-las e relê-las. Para um miúdo da época, eram boa fonte de inspiração para mais brincadeiras, mesmo que por vezes fossem anúncios descarados à linha de brinquedos (especialmente as histórias da Marvel).
E até com os nomes dos personagens em brasileiro, bastante diferentes dos nomes usados cá: enquanto era fácil de perceber que "Esqueleto" era o Skeletor e "Mandíbula" o Trap-Jaw, confesso que chamarem "Gorpo" ao Orko no início me baralhou (e ainda baralha) um bocado...

Mesmo tendo vindo a saber, anos mais tarde, que o nome original pretendido para o personagem pelos criadores norte-americanos da Filmation era mesmo esse - Gorpo (foi alterado para Orko por uma questão de economia de produção dos desenhos animados - o "O" no peito permitia inverter as células de animação, algo que um "G" assimétrico não deixava fazer). Vá-se lá saber!

Ainda tenho algumas revistas dessas guardadas em casa, todas gastas com o uso... Leitura nostálgica.

Número 32. Exemplo de revista 100% brasileira
e último número da série.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Days of Future Past


A propósito do filme X-Men: Days of Future Past, de Bryan Singer, que andou recentemente nos cinemas, apeteceu-me rever o material de origem, a história homónima dos X-Men, originalmente publicada em Uncanny X-Men #141 e #142 e em que o filme foi inspirado.

E digo "inspirado", porque acaba por ter tantas diferenças que não se pode dizer ser uma adaptação directa. Também não pretendo estar a fazer uma comparação muito detalhada, vou antes falar da história de BD (OK, apontarei algumas diferenças) e quem quiser que a compare mais aturadamente com o filme.

Então, para situar:
Capa do número 141. Uma das capas mais imitadas de sempre.
O ano era 1981 e os X-Men atravessavam uma fase complicada, às mãos de Chris Claremont e John Byrne, que estavam a revolucionar a equipa mutante. Ainda mal recompostos dos eventos da Dark Phoenix Saga, em que tinham (aparentemente) perdido a Jean Grey de vez, e com o abandono recente da equipa por parte do Cyclops, a equipa era então liderada por uma ainda relativamente pouco experiente Storm, tendo como restantes membros Wolverine, Colossus, Nightcrawler, Angel e a caloira Sprite (o nome de código de Kitty Pride antes de se tornar Shadowcat).

Esta última é o ponto fulcral da história, já que recebe a sua consciência vinda do futuro, uma vez que é o único membro da equipa que ainda não tem treino de resistência psíquica (ao contrário do filme, em que é Wolverine quem dá o salto para trás). Assim, Kitty recebe a sua mente futura, numa troca de consciências, e passa a ser Kate, o nome pelo qual iria responder no então longínquo ano de 2013, altura em que se passa a outra parte da história.
E é um 2013 muito distópico: os EUA estão controlados pelos robôs Sentinelas, que se preparam para tentar estender o seu domínio ao resto do mundo, o que a acontecer, irá desencadear um armagedão nuclear, já que o resto do planeta não tem intenções de ficar sob o controle deles.
E como chegaram as coisas a esse ponto? Em 1980 (ano em que se passa a história), a nova encarnação da Irmandade de Mutantes, liderada por Mystique, assassina um senador, Robert Kelly, que pretendia impôr legislação restritiva à liberdade dos mutantes, fazendo dele um exemplo (algo semelhante ao que Mystique queria fazer no filme, assassinado Bolivar Trask). Contudo, o seu plano saiu pela culatra e tudo o que conseguiu foi a reactivação dos Sentinelas, que passaram a caçar não só mutantes, como eventualmente todos os outros superseres, que são levados praticamente ao extermínio, estando os sobreviventes confinados a campos de concentração (de onde Kate é lançada para o passado, num plano fomentado por Magneto, nessa fase aliado dos X-Men sobreviventes).
"Todos morrem". Dramáticos como
sempre...
Mas não só, todos os humanos com potencial para gerar mutantes são também supervisionados e impedidos de procriar; numa extrapolação da sua programação inicial, os Sentinelas resolveram que a melhor maneira de levar a cabo a erradicação mutante era assumir o controlo dos EUA e, mais tarde, dos restantes países, o que levou ao ponto onde começa a parte futura da história. Alguns países já estão a ter problemas (implicitamente) como é o caso do Canadá, onde têm um Exército de Resistência que conta com a participação do Logan futuro.

A história passa-se então em duas frentes: 1980, em que os X-Men protegem o senador, e 2013, em que os mutantes sobreviventes tentam destruir um quartel dos Sentinelas e protelar o eventual conflito mundial.
E, embora a Irmandade seja derrotada e o senador Kelly seja salvo, mesmo assim o dano foi feito, terminando a história com o governo americano a ponderar soluções para o "problema mutante"... Restando apenas esperar que as acções dos X-Men tenham sido suficientemente significativas para mudar a história para melhor. 

Este story arc, embora curto, teve bastante impacto, especialmente por criar o "futuro dos Sentinelas", que serviu da base a diversas outras histórias nas sagas dos X-Men (e não só), dando ênfase ao recém-criado senador Kelly, introduzindo a personagem de Rachel Summers e abrindo caminho à criação de outros, como Nimrod e Bastion.
É também difícil não comparar esta história à da saga Terminator: em ambas temos personagens que fogem a um futuro distópico (ou mesmo pós-apocalíptico) em que máquinas controlam o seu meio e tentam erradicá-los, fazendo uma viagem atípica e tentando salvar personagens chave que modificam a história.
Há mesmo páginas inteiras na net a discutir se os comics influenciaram o filme ou se é só uma lenda urbana.

A edição brasileira onde li a história
pela primeira vez.
Nos EUA, a história foi republicada várias vezes em separado ou em antologias (a mais recente uma edição omnibus com todo o material do "futuro dos Sentinelas"); em Portugal chegou em versão brasileira através da editora Abril (inclusivamente na forma de um "X-Men Especial" a que tive o prazer de deitar as mãos via alfarrabista há muitos anos, e onde fazem a comparação com o Terminator, apesar de na época eu ficar momentaneamente baralhado por não saber o que era "O Exterminador do Futuro"), e faz também parte do calendário de lançamentos da série de BD da Marvel da colecção do jornal Público, a ser editada este ano.