Benvindos!


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Neste blogue iremos encontrar (ou reencontrar) pedaços da imaginação e criatividade humana nas mais diversas formas e feitios - Livros, Banda desenhada, Cinema, TV, Jogos, ou qualquer outro formato.

Viajaremos no tempo, caçaremos vampiros e lobisomens, enfrentaremos marcianos, viajaremos até à lua, conheceremos super-heróis e muito mais.

AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Leonard McCoy, Frontier Doctor

A IDW, uma das editoras de renome da actualidade no campo da banda desenhada, está no activo há alguns anos. Uma das primeiras séries lançadas pela editora, 30 Days of Night, grangeou-lhe fama, mantendo-se ainda hoje no seu catálogo de publicações. A editora cresceu, adquirindo direitos sobre várias séries famosas, tais como G.I. Joe e Transformers, e outras de culto, como Mars Attacks e Doctor Who. O franchise Star Trek é mais um exemplo.
 
2º número
1º número
Esta mini-série em 4 números, da autoria de John Byrne, retrata algumas das aventuras de Leonard McCoy, também conhecido como "Bones", o famoso médico da nave Enterprise, a solo.
 
Bem, a solo, não totalmente. Bones é acompanhado por outro médico, o jovem Jon Duncan e a Andoriana Theela. Juntos, vão viajar por várias partes da galáxia e ao longo da série, enfrentam várias ameaças e problemas (de índole médica ou não), incluindo uma civilização de clones que lutam eternamente entre si, um planeta cuja vegetação é muito mais do que aparenta e mesmo um vírus inteligente, cujo tratamento passa por... conversar com os infectados.
 
3º número
Nessas andanças, surgem, como personagens de fundo, múltiplas caras conhecidas - Jim Kirk, agora almirante, e a quem Bones relata - sob a forma de manuscrito - as suas aventuras; Scotty, o engenheiro; Christine Chapel, a antiga enfermeira, agora com treino médico; entre outros.
 
4º e último número - em homenagem a
Rembrandt, com a sua "Lição de Anatomia"
Cronologicamente, a série passa-se no período após a série original (a mítica missão de cinco anos que só durou três temporadas) e o primeiro filme. Byrne aproveita assim para usar uma estética um pouco mais "madura" do que o aspecto exagerado da série (de resto, também o conseguiu em parte na saga sobre os Romulanos, também publicada pela IDW) e mais baseada no primeiro filme.
 
Aliás, Bones aparece, basicamente, nos mesmos preparos com que foi "recrutado" no início desse mesmo filme, com barba comprida e tudo. O personagem mantém o seu carácter honesto e contundente do costume, embora não tão mal-disposto - como o próprio Kirk afirma, "Se ele não tem cuidado ainda vamos pensar que ele se está a divertir".
 
Numa altura em que o franchise Star Trek se encontra a ser reformulado de raiz, já com dois filmes na fase reboot, esta série vale a pena para revisitar um dos personagens mais emblemáticos, pela mão de Byrne, também ele um criador com um estilo muito próprio e um nome lendário no meio.
 
A versão original do "Bones Barbudo", em Star Trek - The Motion Picture






terça-feira, 17 de setembro de 2013

A Loja dos Suicídios

Num futuro distópico não definido (mas em que o séc. XXI é referido como passado), em que países inteiros foram destruídos por desastres naturais, chove ácido sulfúrico e o Mónaco cria exércitos de bombistas suicidas, a família Tuvache tem um negócio (em 10ª geração) de assistência ao suicídio.

Situada na Cidade das Religiões Esquecidas, a Loja dos Suicídios fornece tudo o que o cliente desejoso de morrer possa precisar para levar a cabo tal empreendimento. É uma loja em que os clientes, se bem servidos, não tornam a aparecer.
A loja é dirigida pelo casal Mishima e Lucrèce (ou Lucrécia, na tradução), ajudados pelos filhos, Vincent (nomeado em honra de Van Gogh e ele próprio um artista depressivo, que ambiciona montar um parque temático sobre suicídios) e Marilyn (nomeada em honra de Marilyn Monroe, e que apenas contraria as suas próprias tendências suicidas porque é precisa na loja).
Trata-se, assim, de um negócio para toda a família.

Bom, a família toda não. O filho mais novo, Alan (com nome em honra de Alan Turing), que nasceu por causa de os pais andarem a testar preservativos porosos (desenhados para permitir a propagação de DSTs), é a antítese da família. Demonstra uma alegria de viver alarmante, o que os pais vêem como um entrave ao negócio. Consegue ser expulso da academia de bombistas suicidas devido à sua constante boa disposição.
Embora inicialmente repudiado pela família (até porque enxotava os clientes), ao longo da história a sua influência modifica radicalmente as vidas dos que os rodeiam, tanto família e clientes, e transforma o negócio - de lúgubre passa a ser um ponto de encontro e de boa-disposição, um foco luminoso numa sociedade sombria e desesperada. E assim a história evolui até ao final surpreendente, algo desconcertante (que não conto, já que coloquei spoilers suficientes neste texto).

Embora este livro de Jean Teulé tenha como fundo elementos de ficção científica (como a degradação do planeta, a presença de TV a 3D em que os espectadores conseguem interagir com o cenário ou soros que quando injectados fazem com que as pessoas passem a segregar veneno na saliva), a história em si é intemporal - um conto de esperança e de positividade que podia ser integrado em muitos outros contextos, e que, não obstante o título, possui um humor muito próprio, que, no fim da leitura, já não é tão negro...