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AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


terça-feira, 17 de setembro de 2013

A Loja dos Suicídios

Num futuro distópico não definido (mas em que o séc. XXI é referido como passado), em que países inteiros foram destruídos por desastres naturais, chove ácido sulfúrico e o Mónaco cria exércitos de bombistas suicidas, a família Tuvache tem um negócio (em 10ª geração) de assistência ao suicídio.

Situada na Cidade das Religiões Esquecidas, a Loja dos Suicídios fornece tudo o que o cliente desejoso de morrer possa precisar para levar a cabo tal empreendimento. É uma loja em que os clientes, se bem servidos, não tornam a aparecer.
A loja é dirigida pelo casal Mishima e Lucrèce (ou Lucrécia, na tradução), ajudados pelos filhos, Vincent (nomeado em honra de Van Gogh e ele próprio um artista depressivo, que ambiciona montar um parque temático sobre suicídios) e Marilyn (nomeada em honra de Marilyn Monroe, e que apenas contraria as suas próprias tendências suicidas porque é precisa na loja).
Trata-se, assim, de um negócio para toda a família.

Bom, a família toda não. O filho mais novo, Alan (com nome em honra de Alan Turing), que nasceu por causa de os pais andarem a testar preservativos porosos (desenhados para permitir a propagação de DSTs), é a antítese da família. Demonstra uma alegria de viver alarmante, o que os pais vêem como um entrave ao negócio. Consegue ser expulso da academia de bombistas suicidas devido à sua constante boa disposição.
Embora inicialmente repudiado pela família (até porque enxotava os clientes), ao longo da história a sua influência modifica radicalmente as vidas dos que os rodeiam, tanto família e clientes, e transforma o negócio - de lúgubre passa a ser um ponto de encontro e de boa-disposição, um foco luminoso numa sociedade sombria e desesperada. E assim a história evolui até ao final surpreendente, algo desconcertante (que não conto, já que coloquei spoilers suficientes neste texto).

Embora este livro de Jean Teulé tenha como fundo elementos de ficção científica (como a degradação do planeta, a presença de TV a 3D em que os espectadores conseguem interagir com o cenário ou soros que quando injectados fazem com que as pessoas passem a segregar veneno na saliva), a história em si é intemporal - um conto de esperança e de positividade que podia ser integrado em muitos outros contextos, e que, não obstante o título, possui um humor muito próprio, que, no fim da leitura, já não é tão negro...


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