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Neste blogue iremos encontrar (ou reencontrar) pedaços da imaginação e criatividade humana nas mais diversas formas e feitios - Livros, Banda desenhada, Cinema, TV, Jogos, ou qualquer outro formato.

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AVISO IMPORTANTE: pode conter spoilers e, em ocasiões especiais, nozes.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Mystery Men - Os Homens Misteriosos

Um dos posters do filme
 


Captain Amazing. Herói
ou peão corporativista?

Champion City é uma cidade com o crime sob controlo. O responsável por isso? O maior herói da cidade, Captain Amazing (Capitão Maravilha), que deu cabo de todos os grandes vilões: estão presos, internados, mortos ou desaparecidos.
 
Ficaram  apenas bandidos de segunda, que mal dão para ocupar o grande herói, que os neutraliza em questão de minutos sempre que tentam mostrar as suas fuças malfazejas.

Ou seja, já não tem desafios.

 
 
Bem, já no que toca aos três wannabes The Shoveler, The Blue Raja e Mr. Furious... a coisa muda de figura.
Estes três super-heróis aspirantes não conseguem impedir sequer um assalto, não obstante os seus fabulosos talentos:

- o Shoveler (Pázada) maneja a sua pá como mais ninguém consegue, um talento que procura usar sempre para benefício da sociedade;
 
O Shoveler, pronto para a acção.
- o Blue Raja (Rajá Azul), com o seu fato multicolorido espampanante e que não tem um bocadinho de azul, falando com o seu sotaque britânico simulado, é o mestre da prataria e arremessa colheres e garfos - nunca facas, pois como ele mesmo diz, não é nenhum faquir;

O Blue Raja e as suas signature weapons

 
- o Mr. Furious (Senhor Furioso), bem, enfurece-se.

Mr. Furious. Está tudo dito.
 
 
O trio de amigos tenta combater o crime, embora de modo geral, acabe por levar porrada da grossa e por ir carpir mágoas para o diner local, onde são acossados por um quarto elemento - o Spleen (Cheirete), que como resultado de ter sido amaldiçoado por uma cigana, tem um ar doentio e é uma arma química com duas pernas, com as suas flatulências activadas pelo tradicional "pull my finger".
 
Casanova Frankenstein. Sociopata,
mas com classe.
 
Entretanto, como tem de mostrar resultados perante os seus patrocinadores, Captain Amazing usa o seu nome e a influência da sua identidade civil (o bilionário Lance Hunt) para conseguir soltar do asilo para insanos o seu némesis Casanova Frankenstein (não, não tem nada a ver com o mulherengo nem com o cientista da história de Shelley), que é o último dos grandes vilões.
 
Infelizmente, nem tudo corre como o herói contava, e ele acaba preso na mansão de Casanova, o qual pretende matá-lo e destruir a cidade com um raio psychofrakulator (acho que é assim que se escreve!) que tem o efeito de fazer rebentar as cabeças das pessoas atingidas.


Duas gerações de Bowlers.
Cabe então aos wannabes salvar o Amazing. Vão começar a recrutar pessoas para o grupo, o que não corre muito bem - aparecem milhentos candidatos, mas... entre a PMS Avenger, o Pencilhead + Son of Pencilhead, entre outros cromos que tais, parece não haver muita esperança. Acabam por se lhes juntar, no entanto, o Invisible Boy (Rapaz Invisível), que fica invisível desde que ninguém esteja a olhar para ele e a Bowler (Boladora), filha do Carmine The Bowler, um antigo herói assassinado, e que tem com ela uma bola de bowling assombrada que contém o crânio do pai.

Doc Heller a trabalhar no arsenal.
 
Apoiados pelo Doc Heller, fabricante de armas não letais como o Furacão Enlatado e o Encolhedor de Roupa e treinados pelo Sphinx (Esfinge), um indivíduo que além de desmontar armas com a mente é Terrivelmente Misterioso (ser apenas misterioso não lhe basta), vão lançar-se na sua demanda. Que corre um bocado mal, já que acabam por matar acidentalmente o Amazing durante a missão de salvamento.
 
Por fim, acabam por assumir o manto de verdadeiros heróis e derrotar Casanova e os seus múltiplos associados... ficando ainda a querelar sobre o nome do grupo, quando a imprensa os entrevista.

O grupo preparado para a investida final. Da esquerda para a direita: Bowler, Invisible
Boy, Sphinx, Shoveler, Spleen, Mister Furious e Blue Raja
 
 
Este filme, lançado em 1999 e muito vagamente baseado na série de BD "Flaming Carrot", levou um bocado de porrada da crítica, o que acho francamente injusto.
Foi acusado, na generalidade, de ser um filme de super-heróis fraquinho.
 
Na realidade, é um filme de super-heróis que não se leva demasiado a sério - é uma paródia mas também uma homenagem ao género. Mas essencialmente uma paródia.
 
Tem uma série de conceitos divertidos - a começar pelos heróis em si (alguns dos quais pescados da tal BD), sendo o meu favorito o Blue Raja. Há que admirar um tipo que dispara colheres e garfos e pretende combater o crime dessa maneira; também acho impagável o Invisible Boy, principalmente porque ele ficava mesmo invisível desde que ninguém o estivesse a fitar (o que se torna um elemento essencial na história lá para a frente no filme).
Os vilões temáticos também são engraçados - a gangue da Disco, os frat boys, por aí fora.

Os líderes dos Disco Boys, Tony P e Tony C. Sim, o da esquerda é o Eddie Izzard.
 
 
Os diálogos têm os seus altos e baixos, é verdade.
As tiradas pseudofilosóficas do Sphinx por vezes são um bocado chochas, mas algumas estão muito bem conseguidas, como "Numa luta tens que usar todos os teus membros, tal como o polvo que toca bateria" ou "Somos o número um! Todos os outros são número dois, ou então números abaixo".
Para compensar os trocadilhos fáceis do Blue Raja com a palavra "Fork", temos bocas como "Vão por ali, vamos triangular a posição" a quem alguém coloca a questão "Equilátero ou isósceles?".
E a minha troca favorita de todas:
Mr. Furious: "Isso é porque o Lance Hunt é o Captain Amazing!"
Shoveler: "Lá estás tu. Não comeces com isso outra vez. O Lance Hunt usa óculos, o Captain Amazing não usa óculos."
Mr. Furious: "Ele tira-os quando se transforma."
Shoveler: "Isso não faz sentido nenhum. Assim ficava sem ver nada!"
 
Visualmente, o filme está bem conseguido sem ser nada de transcendente, com efeitos visuais eficientes que se aguentam bem 15 anos depois; numa nota pessoal, não consigo deixar de olhar para a Champion City e lembrar-me da Gotham City do Tim Burton.
 
E um aspecto em que acho que a produção também se esforçou e que passou ao lado... os heróis rejeitam armas de fogo e outras armas potencialmente letais, o que é um toque simpático.
 
Se decidirem ver ou rever este filme (partindo do princípio que este spoiler gigantesco não o arruinou), tentem ter em conta que NÃO é um filme sério.
 
É, isso sim, uma maneira divertida de passar um par de horas.

Um dos diálogos que espelha perfeitamente o humor do filme.
 

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